sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Egito prepara mais protestos no 'Dia da Saída' convocado contra Mubarak





O Egito amanheceu em relativa calma nesta sexta-feira (4), 11º dia dos protestos sem precedentes contra o governo de Hosni Mubarak, no que a oposição vem chamando de "Dia da Saída".


Os oposicionistas pressionam para que o presidente deixe o poder ainda nesta sexta, depois de quase 30 anos no governo.


Os egípcios estão reunidos orando na praça Tahrir, no centro do Cairo, e em outros pontos da capital e das principais cidades, antes de iniciarem os protestos contra o regime.


A oposição pediu que todos fossem às ruas, apesar dos confrontos dos dois dias anteriores, em uma nova tentativa de, como na terça-feira, levar um milhão de pessoas às ruas do país. Eles querem marchar até o palácio presidencial para pedir a saída de Mubarak.


"É um movimento egípcio. Todo mundo participou, tanto muçulmanos como cristãos, para exigir os direitos que lhes roubaram", disse o imã que liderou a oração, identificado como Khaled al Marakbi pelos fiéis reunidos nessa praça central, onde estão atrincherados há 11 dias os opositores do presidente Hosni Mubarak.


O imã chorou durante a oração na qual se lembrou dos mortos. Tão logo acabou a cerimônia, as pessoas começaram a gritar "vá embora, vá embora já" para pedir a renúncia do presidente, de 82 anos, que leva 30 anos no poder.


Negociação
O ministro da Defesa, Mohamed Husein Tantaui, foi à praça para negociar.


Cercado por soldados, ele discursou e voltou a garantir que Mubarak não vai tentar a reeleição em setembro.


O ministro reiterou o pedido dos principais líderes do país a um diálogo com a oposição e citou especialmente o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana - o grupo mais articulado dos adversários de Mubarak - Mohamed Badi.


Negociação
O ministro da Defesa, Mohamed Husein Tantaui, foi à praça para negociar.


Cercado por soldados, ele discursou e voltou a garantir que Mubarak não vai tentar a reeleição em setembro.


O ministro reiterou o pedido dos principais líderes do país a um diálogo com a oposição e citou especialmente o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana - o grupo mais articulado dos adversários de Mubarak - Mohamed Badi.


A Irmandade Muçulmana está preparada para iniciar conversas de transição, mas só depois da renúncia de Mubarak, afirmou o guia supremo Mohammed Badie à TV Al Jazeera.


A situação no Cairo, especialmente no centro da cidade, parece ser tranquila, e não há registros de novos tiroteios e confrontos.


Os disparos foram feitos por supostos partidários do regime de Mubarak, concentrados em volta da Praça Tahrir, onde fazem guarda milhares de militantes da oposição para manter acesa a chama da revolta popular que começou em 25 de janeiro.


Na quinta-feira, houve vários choques entre partidários do regime e manifestantes contrários a Mubarak, especialmente nos arredores da praça Tahrir, o que causou a morte de mais três pessoas, segundo fontes oficiais.


Pressão internacional
Ao mesmo tempo, cresce a pressão internacional para a saída de Mubarak, antes considerado um fator de estabilidade para a região e um aliado do Ocidente.


O governo Obama estaria discutindo com autoridades egípcias uma proposta de renúncia imediata de Mubarak, segundo o site do jornal ‘New York Times’.


A administração do país, durante o período de transição, ficaria a cargo do vice-presidente, Omar Suleiman, que começaria reformas constitucionais, com o suporte de militares egípcios, informaram ao jornal fontes do governo e diplomatas árabes.


O porta-voz da Casa Branca, Tommy Vietor, não confirmou a informação à France Presse, mas declarou: "O presidente já disse que agora é o momento de iniciar uma transição pacífica, ordenada e real, com negociações confiáveis e inclusiva".


"Discutimos com os egípcios uma variedade de formas de levar adiante este processo, mas todas as decisões devem ser tomadas pelo povo egípcio", completou.


Ao mesmo tempo, um alto funcionário de Washington que pediu anonimato afirmou que é "equivocado" informar que há um plano americano sendo negociado com os egípcios.


O jornal completa que a proposta determina que o governo de transição convide membros de um amplo espectro de grupos opositores, incluindo a Irmandade Muçulmana, para dar início ao processo que resulte em eleições livres em setembro.


O Senado dos EUA aprovou na noite de quinta-feira por unanimidade uma resolução que pede a Mubarak a formação de um governo interino no Egito, mas sem pedir sua renúncia.


'Estou farto', diz Mubarak
Nesta quinta-feira (3), o presidente do Egito afirmou que quer deixar o governo, mas teme o "caos" caso ele saia agora. A declaração foi feita à jornalista Christiane Amanpour, da TV americana ABC.





"Estou farto. Depois de 62 anos no serviço público, já foi o bastante. Quero sair", disse ele, que enfrenta o décimo dia de crescentes e violentos protestos da oposição. "Não importa o que pensem de mim", disse na entrevista, que durou 20 minutos. "O que importa é o meu país, é o Egito."


Ele negou que seu governo seja o responsável pela violência na Praça Tahrir, iniciada na véspera e que deixou pelo menos seis mortos, e responsabilizou os oposicionistas da Irmandade Muçulmana pelos confrontos.


"O que ocorreu ontem me deixou muito infeliz", disse, sobre os confrontos entre manifestantes contrários e favoráveis ao seu governo. "Não gosto de ver os egípcios brigando entre si."


A entrevista ocorreu no palácio presidencial do Cairo, que está sob forte vigilância, com o filho de Mubarak, Gamal, sentado ao lado do presidente, informou a ABC.


"Eu não pretendia concorrer novamente. Nunca tive a intenção de tornar Gamal presidente depois de mim", disse Mubarak, segundo a repórter.


De acordo com Amanpour, ele disse ter sentido alívio ao anunciar em um discurso à nação feito na sexta-feira que não concorreria novamente nas eleições presidenciais.


Questionado sobre como estava se sentindo, ele respondeu: "estou me sentindo forte. Não me candidataria novamente. Vou morrer em solo egípcio."


Vice
O vice-presidente Suleiman foi na mesma linha em entrevista na TV, ao dizer que a saída imediata de Mubarak, exigida pelo movimento oposicionista, é um "apelo ao caos".



Suleiman - que assumiu o cargo na semana passada, em uma tentativa de conciliação do presidente com a oposição - garantiu que nem ele, nem o presidente Mubarak, nem o filho de Mubarak, Gamal, vão concorrer às eleições presidenciais previstas para setembro.


A oposição teme que Mubarak, que insiste em permanecer no poder até as eleições, esteja tentando ganhar tempo e "emplacar" o filho como sucessor.


Suleiman prometeu punir todos os envolvidos na violência de rua dos últimos dez dias e soltar todos os manifestantes presos e que não estejam envolvidos em atos violentos.


Ele recusou a "interferência externa" nos assuntos do país e disse que os confrontos de rua podem ter sido resultado de "conspiração", tramada no Egito ou mesmo no exterior.


Ele afirmou que a Irmandade Muçulmana foi convidada a negociar, mas que o grupo está "hesitante". O grupo afirmou que não aceita negociação.


Manifestantes anti-Mubarak reúnem-se na Praça Tahrir, nesta sexta-feira (4), antes das orações (Foto: Reuters)Manifestantes anti-Mubarak reúnem-se na Praça
Tahrir, nesta sexta-feira (4), antes das orações
(Foto: Reuters)

O vice disse que as perdas do país com turismo nos dias de revolta chegam a US$ 1 bilhão. Segundo ele, um milhão de turistas deixaram de visitar o Egito no período.


O Ministro da Saúde disse na TV estatal que seis pessoas morreram desde a véspera vítimas da violência na região da praça, centro dos protestos pela queda do regime de 30 anos. Fontes médicas afirmam que dez pessoas morreram, mas não havia confirmação oficial.


Desde o início dos protestos, que já duram dez dias, pelo menos 100 pessoas morreram, mas, segundo a ONU, esse número pode chegar a 300. De acordo com a TV Al Jazeera, o número de feridos teria passado de 1.500.


Não há cifras oficiais, e os números são frequentemente contraditórios.


Os antigovernistas afirmaram na quinta que detiveram e identificaram 120 manifestantes pró-Mubarak, e que eles seriam, em sua maioria, ligados às forças de segurança e ao partido governista.


Na véspera, o Ministério do Interior havia negado que o governo tenha instigado os protestos.


Mubarak, que está há 30 anos no poder, afirmou na noite de terça em discurso na TV que, nos meses que restam de seu quinto mandato à frente do pais, vai ajudar a cumprir as exigências da coalizão de forças oposicionistas que o desafia -inclusive, fazer reformas do judiciário que ajudem a combater a corrupção.


Boneco representando Hosni Mubarak é 'enforcado' nesta sexta (4) na Praça Tahir, no centro do Cairo (Foto: AFP)Boneco representando Hosni Mubarak é 'enforcado'
nesta sexta (4) na Praça Tahir, no centro do Cairo
(Foto: AFP)

Ele disse que o país atravessava um "momento difícil", que a prioridade era a "estabilidade da nação" e prometeu dialogar com todas as forças da oposição -que insiste em sua saída.


O presidente dos EUA, Barack Obama, disse na noite da terça que a situação do presidente era insustentável e que a transição deveria começar imediatamente.


A Casa Branca informou que "deplora e condena" a violência contra "manifestantes pacíficos".


Levantes em outros países
O presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika,
anunciou que vai levantar o estado de emergência que vigora há 19 anos, aumentando as liberdades políticas. Ele também prometeu investir na criação de empregos.


Na quarta, o presidente de Iêmen, no poder há 32 anos, cedeu a protestos da oposição e disse que não vai tentar a reeleição. Nesta quinta, protestos favoráveis e contrários ao governo tomavam as ruas da capital, Sanaa.


Na terça, o rei da Jordânia -outro importante aliado dos EUA no mundo árabe- havia anunciado uma mudança no governo o país, também depois de protestos populares e de opositores.


No Cazaquistão, o presidente Nursultan Nazarbaiev convocou nesta sexta-feira (4) um decreto que convoca eleições presidenciais antecipadas para 3 de abril, poucos dias depois de ter descartado uma prorrogação por plebiscito de seu mandato.


Nazarbaiev, de 70 anos, anunciou na segunda-feira que convocaria eleições antecipadas, ao mesmo tempo que rejeitou um referendo para prolongar até 2020 seu mandato, como desejava o Parlamento.


O presidente cazaque, que governa o país há 20 anos - desde o período soviético -, afirmou em 28 de janeiro, no entanto, que permanecerá no poder enquanto a saúde permitir.


Egípcios são revistados ao chegar à área das manifetações no Cairo (Foto: AP)Egípcios são revistados ao chegar à área das
manifestações no Cairo (Foto: AP)

Os protestos em Egito e Jordânia -assim como Marrocos, Iêmen, Síria e outros países muçulmanos- foram inspirados pelo levante popular que derrubou o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, que caiu pela pressão popular após 23 anos no poder.


País chave
O Egito, o mais populoso dos países árabes (80 milhões de habitantes), é importante aliado do Ocidente na região e administra o Canal de Suez, essencial para o abastecimento de petróleo dos países desenvolvidos.


Além disso, é um dos dois países árabes (o outro é a Jordânia) que assinou um tratado de paz con Israel.


O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, mencionou o fantasma de um regime ao estilo iraniano, caso, aproveitando o caos, "um movimento islamita organizado assuma o controle do Estado".


O turismo é uma das maiores fontes de receita do exterior no Egito, sendo responsável por mais de 11% do PIB e fonte de empregos, em um país com alto índice de desemprego. Cerca de 12,5 milhões de turistas visitaram o Egito em 2009, proporcionando receita de US$ 10,8 bilhões.


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou "escandalosa e completamente inaceitável" a repressão contra os meios de comunicação e defensores dos direitos humanos, em declarações feitas nesta quinta-feira em Berlim.


"O presidente (alemão) e eu estamos muito preocupados com a intimidação e as restrições aos meios de comunicação internacionais no Cairo. Sejamos claros: é escandaloso e completamente inaceitável", disse Ban Ki-moon ao final de um encontro com o chefe de Estado alemão, Christian Wulff. "Isso deve acabar imediatamente", completou.





'Campanha contra a imprensa'
O Departamento de Estado dos EUA denunciou nesta quinta o que seria uma campanha organizada contra os meios de comunicação estrangeiros que cobrem a rebelião popular contra Mubarak.


"Assistimos a uma campanha organizada a fim de intimidar os jornalistas estrangeiros no Cairo e perturbar seu trabalho de reportagem", afirmou o porta-voz da diplomacia americana, Philip Crowley, em seu Twitter.


"Condenamos esses atos", acrescentou.


O grupo Repórteres Sem Fronteiras também condenou a intimidação.


Jornalistas de vários países -inclusive do Brasil- foram alvo de graves ataques e intimidações por parte de partidários do presidente Mubarak, que os acusa de tentar desestabilizar o regime.


G1

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